sexta-feira, 1 de maio de 2009

COM A DEVIDA VÉNIA


Dizia eu há alguns dias neste mesmo blog:"Aliás, (...)há já algum tempo a esta parte parecem estar a reunir-se condições para uma candidatura autárquica em Coimbra que prestigie o PS, que torne verosímil a recuperação da maioria socialista na Câmara Municipal de Coimbra e que tenha efeitos positivos na própria vida interna do PS, no concelho e no distrito.Se esta pequena luz há algum tempo visível acabar por se revelar ilusória para ser substituída por uma solução como aquela que se noticia, tudo poderá voltar à estaca zero; e adeus Câmara, adeus desanuviamento, adeus perspectivas futurantes.Por tudo isto, quero crer que a notícia que comento é apenas um fogo-fátuo que em breve estará esquecido.Olhemos em frente. Todos nós, no PS em Coimbra, estamos quase a conseguir o que há alguns meses parecia impensável. Não desperdicemos a feliz conjugação. Lembremo-nos: estamos quase. Todos. Quase."
A tal notícia não se confirmou. Mas estranhamente perfilou-se uma outra: a de que, afinal, um dos artífices da tal boa solução, Henrique Fernandes, desistia da sua própria iniciativa e avançava ele próprio como candidato.
Pode ser que essa surpreendente notícia não passe de uma pequena cortina de fumo, lançada por razões que não descortino. Mas, se realmente for verdadeira, significa que tudo retoma as previsíveis rotinas que, pouco a pouco, têm vindo a minar a hipótese de o PS recuperar a Câmara de Coimbra. A hipótese de uma iniciativa de rasgo , nesse caso, perder-se-á.
Não porque ao Henrique Fernandes faltem qualidades pessoais para merecer ser eleito Presidente da Câmara de Coimbra, mas pelo significado de que se reveste a sua possível candidatura nas actuais circunstâncias; por aquilo que ela representa, objectivamente.
De facto, ela terá sempre a marca de uma candidatura que, embora formalmente legítima, surge como substancialmente tributária do aparelho partidário. Ao contrário daquela que o próprio Henrique Fernandes parecia andar pacientemente a tecer, não constitui, em si própria, uma candidatura de rasgo, uma iniciativa que surja aos olhos do eleitorado como um sopro de renovação, como uma candidatura que objectivamente torna verosímil para o eleitorado a ideia de que o PS se preocupa, antes de tudo, no plano autárquico, com a cidade e os seus munícipes ; libertando-se assim do garrote fatal das pequenas ambições, da vertigem das carreiras, da servidão dos objectivos meramnente pessoais de protagonistas que, desse modo, se deixam encasular num universo esquecido da realidade.
Se esta má notícia se confirmar, é pena. Como eu dizia há dias , estava-se "quase " a conseguir. Ficou-se por aí.
Por isso, cedo à tentação de recordar versos de um grande poeta português ( Mário de Sá-Carneiro), do seu poema "Quase":"
Um pouco mais de sol - eu era brasa.
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa..."

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