Caros camaradas
Entendo que vos devo dar uma explicação, sucinta naturalmente, dadas as notícias publicadas por um semanário local, as quais tiveram alguma repercussão.
Entendo que vos devo dar uma explicação, sucinta naturalmente, dadas as notícias publicadas por um semanário local, as quais tiveram alguma repercussão.
Como todos sabem, a estratégia que defendi para recuperar a Câmara Municipal de Coimbra ao PSD era completamente diferente.
Poderia até, no limite, a estratégia ser a melhor. Mas como todos sabem e perceberam, a campanha eleitoral foi feita à revelia de todos os conceitos. A derrota, infelizmente, veio dar-me razão como a muitos outros camaradas.
Como sabem também, e coerentemente, na Comissão Política da Federação em que foi designado o Professor Doutor Álvaro Maia Seco para candidato, eu declarei que não aceitaria nenhum lugar em nenhuma lista.
Note-se e agradeço que tomem nota, que eu fui o deputado municipal com mais intervenções na última legislatura e autor de vários documentos.
Chegados a este momento, comentei com alguns camaradas mais próximos, que estaria disposto a protagonizar uma candidatura à Comissão Política Concelhia, desde que se verificassem alguns pressupostos.
O Partido Socialista viveu nestes últimos anos, um dos seus períodos mais negros. Dissecar todo o processo seria fastidioso e seria um “lugar-comum”. Recuso-me a tal, por entender que o PS está acima, muito acima, de vaidades individuais e colectivas.
Recusar a velha e enquistada lógica é, será, ou eventualmente seria, um dos meus objectivos.
A cidade e o concelho de Coimbra não se revêem numa forma anquilosada de fazer política.
Interesses de grupo, alguns deles sem nenhuma legitimidade democrática, desejam sobrepor-se à vontade dos militantes, inventado argumentos sem nenhum rigor político ou societário.
Ao longo destes últimos anos, foram-se formando algumas “quintas”, onde dirigentes de qualidade duvidosa, achavam e continuam a achar, que os militantes socialistas são seus servos, sem capacidade de pensar, agindo de forma concertada numa determinada direcção e lógica.
Direi até, que alguns deles têm medo de se manifestar, por lhes terem sido feitas “algumas concessões” pelo que agora terão de responder por elas.
O Partido Socialista onde cresci e a grande maioria de nós se revê, é uma organização política assente em valores e princípios.
Não estou disposto, nem disponível, para continuar a ajudar a “afundar” o PS numa teia de interesses, que nada têm a ver com a nossa maneira sui generis de viver e modificar o mundo.
Não corro a favor de ninguém. Nunca o fiz nem farei. Acredito em projectos de futuro e só nesses.
Abraço fraterno
Luis Santarino
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